Será o futuro.. também para criação ornamental?
Enviado: 03 Mai 2010, 18:36
Daqui há alguns anos poderão ser os ornamentais.....
Os peixes são criados em tanques de fibra de vidro com água salgada extraída do estuário do Rio Pacoti
Daqui a alguns anos, da mesma forma que existem peixes de água doce e de camarões criados em cativeiro, existirão também as criações de espécies marinhos disponíveis para o consumidor. O Ceará destaca-se como um dos poucos locais do Brasil a realizar estudos sobre esta tecnologia.
Desde 2005, pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), criam, em caráter experimental, espécies de peixes marinhos no Centro de Estudos Ambientais Costeiros (Ceac), um espaço de pesquisas ís margens do Rio Pacoti, no Eusébio.
A iniciativa é pública-privada envolvendo a Fundação Alphaville, Prefeitura do Eusébio, Superintendência Estadual do Meio Ambiente e Labomar.
No Ceac, cerca de 400 peixes reprodutores da família dos Lutjanídeos (ariacó, dentão, guaiuba e cioba) e dos Centropomídeos (robalo) são objetos de pesquisa que visa analisar a viabilidade da criação em cativeiro dessas espécies. “O cultivo de peixes marinhos é uma necessidade. Estudos mostram que, por volta do ano 2050, a pesca de grandes grupos marinhos vai acabar porque não mais existirão tantos indivíduos no mar”, explica o coordenador do Projeto “Cultivo de Peixes Marinhos”, professor doutor Manuel Furtado Neto.
Hoje, conforme ele, com incentivos da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Ceac desenvolve estudos sobre a tecnologia de criação de peixes marinhos confinados como, por exemplo, a cioba, espécie bem característica da região e que já está em processo de extinção.
Inicialmente, os animais são recolhidos na natureza ainda pequenos e passam, dentro dos tanques, pelos processos de engorda, desenvolvimento e maturação, sob a supervisão e acompanhamento dos pesquisadores. “Quando se trata do cultivo, é preciso ter o domínio de todo o ciclo de reprodução do animal”, explica Furtado.
Os peixes são criados em grandes tanques de fibra de vidro com água salgada extraída por bombeamento do estuário do Rio Pacoti. “São utilizados cerca de 20 mil litros uma vez por semana, que também são reutilizados num sistema de reciclagem”, explica o engenheiro de pesca e pesquisador do projeto do Labomar, Valter Braga de Souza Junior.
Toda a tecnologia utilizada na criação dos peixes marinhos é desenvolvida pelos pesquisadores do projeto. Além do sistema de bombeamento da água salgada, o processo inclui alimentação com uma ração artesanal semi-úmida produzida no próprio local. Um dos pontos para o sucesso dos estudos é ter o domínio completo das etapas do seu desenvolvimento. O pesquisador destaca que espécies que são capturadas na natureza com cerca de 15 gramas, já conseguiram atingir nos tanques do Ceac.
Paola Vasconcelos Repórter
EM EXTINÇíO Proposta é garantir o repovoamento das espécies
Além do desenvolvimento da tecnologia de cultivo de espécies marinhas em cativeiro, o projeto “Cultivo de Peixes Marinhos”, conforme o coordenador Manuel Furtado, visa também fazer o repovoamento de espécies em extinção. “Quando já tivermos com o domínio completo do ciclo de desenvolvimento das espécies, esses animais serão cultivados, no futuro, em grandes gaiolas submersas no mar, onde receberão alimentação artificial”, diz.
O desenvolvimento da tecnologia, conforme ele, deverá subsidiar, no futuro, a exploração comercial, mas também com fins de sustentabilidade ambiental. Isso já acontece, conforme Furtado, em países como Estados Unidos, Tailândia, Chile e Japão, que utilizam o cultivo de espécies marinhas tanto para a exploração comercial como para o repovoamento de determinadas espécies de peixes no mar. “No Japão, a pesca no mar fica para os pescadores e o cultivo para exploração comercial”, explica.
O engenheiro de pesca Rossi Lélis Muniz de Souza, diretor da Technoacqua, empresa incubada do Parque de Desenvolvimento Tecnológico (Padetec), destaca que, no Brasil, ainda não existe cultivo de espécies marinhas para fins comerciais, assim como os camarões cultivados nas fazendas e os peixes de água doce.
“Alguns Estados do Brasil, assim como o Ceará, estão desenvolvendo pesquisas com espécies de peixes marinhos”, ressalta Rossi Souza.
RAÇÕES Centro estuda nutrição do camarão
O Centro de Estudos Ambientais Costeiros (Ceac), do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), também realiza pesquisas sobre nutrição do camarão marinho e o cultivo de ostras, com a participação de famílias de marisqueiros.
Às margens do Rio Pacoti, o Grupo de Estudos de Moluscos Bivalve (Gemb), do Labomar, realiza pesquisas sobre o cultivo de ostras. Lá, um grupo de marisqueiros que viviam da extração predatória de ostras no Rio Pacoti já produzem e comercializam mariscos sem agredir ao meio ambiente, com a orientação dos pesquisadores. A produção deles já chegou inclusive a abastecer restaurantes do complexo do Beach Park, no município de Aquiraz.
Outra atividade realizada no Ceac são as pesquisas nutricionais do camarão marinho. Como o cultivo da espécie já está em estágio avançado de desenvolvimento, o Centro de Estudos Ambientais Costeiros também realiza pesquisas que subsidiem essa atividade, como por exemplo, a nutrição dos animais.
No cultivo de espécies marinhas, como o camarão, conforme o gerente de Pesquisas de Nutrição do Camarão Marinho, pesquisador Hassan Sabri, a ração é um dos principais insumos do cultivo e representa cerca de 60% dos custos.
No Ceac do Labomar, os pesquisadores produzem rações para o camarão e administram o cultivo, observando e analisando o desenvolvimento da produção, buscando atingir os melhores resultados.
FIQUE POR DENTRO Aqüicultura vem crescendo no Brasil
O potencial do Brasil para o desenvolvimento da aqüicultura é imenso, constituído por 8.400 quilômetros de costa marítima, 5,5 milhões de hectares de reservatórios de águas doces, clima favorável para o crescimento dos organismos cultivados, terras disponíveis e crescente demanda por pescado no mercado interno. A aqüicultura comercial se firmou como uma atividade econômica no cenário nacional da produção de alimentos a partir de 1990, época em que a produção de pescado cultivado girava em torno de 25 mil toneladas por ano.
Os peixes são criados em tanques de fibra de vidro com água salgada extraída do estuário do Rio Pacoti
Daqui a alguns anos, da mesma forma que existem peixes de água doce e de camarões criados em cativeiro, existirão também as criações de espécies marinhos disponíveis para o consumidor. O Ceará destaca-se como um dos poucos locais do Brasil a realizar estudos sobre esta tecnologia.
Desde 2005, pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), criam, em caráter experimental, espécies de peixes marinhos no Centro de Estudos Ambientais Costeiros (Ceac), um espaço de pesquisas ís margens do Rio Pacoti, no Eusébio.
A iniciativa é pública-privada envolvendo a Fundação Alphaville, Prefeitura do Eusébio, Superintendência Estadual do Meio Ambiente e Labomar.
No Ceac, cerca de 400 peixes reprodutores da família dos Lutjanídeos (ariacó, dentão, guaiuba e cioba) e dos Centropomídeos (robalo) são objetos de pesquisa que visa analisar a viabilidade da criação em cativeiro dessas espécies. “O cultivo de peixes marinhos é uma necessidade. Estudos mostram que, por volta do ano 2050, a pesca de grandes grupos marinhos vai acabar porque não mais existirão tantos indivíduos no mar”, explica o coordenador do Projeto “Cultivo de Peixes Marinhos”, professor doutor Manuel Furtado Neto.
Hoje, conforme ele, com incentivos da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Ceac desenvolve estudos sobre a tecnologia de criação de peixes marinhos confinados como, por exemplo, a cioba, espécie bem característica da região e que já está em processo de extinção.
Inicialmente, os animais são recolhidos na natureza ainda pequenos e passam, dentro dos tanques, pelos processos de engorda, desenvolvimento e maturação, sob a supervisão e acompanhamento dos pesquisadores. “Quando se trata do cultivo, é preciso ter o domínio de todo o ciclo de reprodução do animal”, explica Furtado.
Os peixes são criados em grandes tanques de fibra de vidro com água salgada extraída por bombeamento do estuário do Rio Pacoti. “São utilizados cerca de 20 mil litros uma vez por semana, que também são reutilizados num sistema de reciclagem”, explica o engenheiro de pesca e pesquisador do projeto do Labomar, Valter Braga de Souza Junior.
Toda a tecnologia utilizada na criação dos peixes marinhos é desenvolvida pelos pesquisadores do projeto. Além do sistema de bombeamento da água salgada, o processo inclui alimentação com uma ração artesanal semi-úmida produzida no próprio local. Um dos pontos para o sucesso dos estudos é ter o domínio completo das etapas do seu desenvolvimento. O pesquisador destaca que espécies que são capturadas na natureza com cerca de 15 gramas, já conseguiram atingir nos tanques do Ceac.
Paola Vasconcelos Repórter
EM EXTINÇíO Proposta é garantir o repovoamento das espécies
Além do desenvolvimento da tecnologia de cultivo de espécies marinhas em cativeiro, o projeto “Cultivo de Peixes Marinhos”, conforme o coordenador Manuel Furtado, visa também fazer o repovoamento de espécies em extinção. “Quando já tivermos com o domínio completo do ciclo de desenvolvimento das espécies, esses animais serão cultivados, no futuro, em grandes gaiolas submersas no mar, onde receberão alimentação artificial”, diz.
O desenvolvimento da tecnologia, conforme ele, deverá subsidiar, no futuro, a exploração comercial, mas também com fins de sustentabilidade ambiental. Isso já acontece, conforme Furtado, em países como Estados Unidos, Tailândia, Chile e Japão, que utilizam o cultivo de espécies marinhas tanto para a exploração comercial como para o repovoamento de determinadas espécies de peixes no mar. “No Japão, a pesca no mar fica para os pescadores e o cultivo para exploração comercial”, explica.
O engenheiro de pesca Rossi Lélis Muniz de Souza, diretor da Technoacqua, empresa incubada do Parque de Desenvolvimento Tecnológico (Padetec), destaca que, no Brasil, ainda não existe cultivo de espécies marinhas para fins comerciais, assim como os camarões cultivados nas fazendas e os peixes de água doce.
“Alguns Estados do Brasil, assim como o Ceará, estão desenvolvendo pesquisas com espécies de peixes marinhos”, ressalta Rossi Souza.
RAÇÕES Centro estuda nutrição do camarão
O Centro de Estudos Ambientais Costeiros (Ceac), do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), também realiza pesquisas sobre nutrição do camarão marinho e o cultivo de ostras, com a participação de famílias de marisqueiros.
Às margens do Rio Pacoti, o Grupo de Estudos de Moluscos Bivalve (Gemb), do Labomar, realiza pesquisas sobre o cultivo de ostras. Lá, um grupo de marisqueiros que viviam da extração predatória de ostras no Rio Pacoti já produzem e comercializam mariscos sem agredir ao meio ambiente, com a orientação dos pesquisadores. A produção deles já chegou inclusive a abastecer restaurantes do complexo do Beach Park, no município de Aquiraz.
Outra atividade realizada no Ceac são as pesquisas nutricionais do camarão marinho. Como o cultivo da espécie já está em estágio avançado de desenvolvimento, o Centro de Estudos Ambientais Costeiros também realiza pesquisas que subsidiem essa atividade, como por exemplo, a nutrição dos animais.
No cultivo de espécies marinhas, como o camarão, conforme o gerente de Pesquisas de Nutrição do Camarão Marinho, pesquisador Hassan Sabri, a ração é um dos principais insumos do cultivo e representa cerca de 60% dos custos.
No Ceac do Labomar, os pesquisadores produzem rações para o camarão e administram o cultivo, observando e analisando o desenvolvimento da produção, buscando atingir os melhores resultados.
FIQUE POR DENTRO Aqüicultura vem crescendo no Brasil
O potencial do Brasil para o desenvolvimento da aqüicultura é imenso, constituído por 8.400 quilômetros de costa marítima, 5,5 milhões de hectares de reservatórios de águas doces, clima favorável para o crescimento dos organismos cultivados, terras disponíveis e crescente demanda por pescado no mercado interno. A aqüicultura comercial se firmou como uma atividade econômica no cenário nacional da produção de alimentos a partir de 1990, época em que a produção de pescado cultivado girava em torno de 25 mil toneladas por ano.